País está defasado em TI para receber eventos esportivos

O Brasil está despreparado, do ponto de vista tecnológico, para abrigar a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. A avaliação foi feita ontem por executivos do setor, que enxergam nessa lacuna oportunidades para fazer investimentos.
"A tecnologia da informação não está sendo considerada pelos gestores. Não deveria ser assim, mas TI não dá visibilidade para políticos", avaliou Mauro Peres, presidente da empresa de pesquisas IDC no Brasil. Ele participou ontem do seminário "As exigências da infraestrutura de TIC para Copa do Mundo e Olimpíadas no Brasil", promovido pelo Valor. TIC é a sigla para tecnologia da informação e comunicações.
Peres enumerou a computação em nuvem, a mobilidade, as redes sociais e as ferramentas analíticas como algumas das tendências tecnológicas que devem nortear os investimentos do setor nos próximos anos.
Conforme as projeções do IDC, o Brasil terá 41 milhões de conexões de banda larga e 1,1 milhão de assinantes da quarta geração da telefonia móvel (4G), que ainda não foi licitada, na época do Mundial de futebol. "A Copa pode ser uma chance para aumentar esses números se forem feitos os investimentos corretos", afirmou Peres. "A qualidade dos serviços de telecomunicações é um problema. Sem uma rede integrada de telecom, nada vai funcionar bem."
Essa também é a avaliação do presidente da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), Antonio Gil, que indicou a melhoria nos serviços, a queda nos preços de telefonia móvel e a ampliação das redes de banda larga como medidas necessárias. "A infraestrutura do país não está preparada", afirmou.
Segundo Gil, o mercado brasileiro de tecnologia precisa de 750 mil novos profissionais e da redução de custos trabalhistas para se tornar mais competitivo. Sem resolver esses gargalos, disse, o país terá dificuldades para realizar os dois eventos esportivos e, principalmente, para se consolidar como uma das economias mais importantes do mundo.
"Não pode haver falhas. Os Jogos Olímpicos são uma empresa com 4 bilhões de clientes e 200 mil funcionários", afirmou Ricardo Wigman, diretor de operações, consultoria e integração de sistemas da Atos Origin, companhia francesa responsável pela implantação dos projetos de TI nas Olimpíadas desde Barcelona, em 1992. A declaração foi uma referência à audiência e ao número de colaboradores envolvidos nos Jogos de Pequim, em 2008.
"As tendências de tecnologia não estão no radar dos organizadores, mas precisam ser apresentadas pelos fornecedores", disse o presidente da Brasscom.
É esse espaço que as companhias tentam preencher. A empresa de hospedagem Alog finaliza a construção de seu terceiro centro de dados no Brasil, prevendo uma expansão da demanda. "Quem faz uma Copa acontecer são as áreas de TI e telecom", ressaltou Keith Matsumoto, especialista em inteligência de mercado da Alog.
A companhia de marketing esportivo Traffic está mapeando as possibilidades de oferta de serviços via celular nos estádios que serão construídos para o Mundial de 2014. Usar os smartphones como ingresso para entrar nas arenas esportivas (com um código de barras na tela do aparelho) ou como um meio para fazer pagamentos e para divulgar informações da competição foram algumas das ideias mencionadas por Mauro Holzmann, diretor de novos negócios da Traffic.

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